A Bela Vida no Egito

Costumes e Tradições

Hagadá em árabe e hebraico

Hagada de Pessach, em hebraico e transliterada em árabe que vi na casa de minha irmã Rachel Shila Levy Hara (Por Davy Levy)
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Onde estávamos no mapa?

Quando penso no Egito da minha infância e na forma como entendi a nossa posição geográfica, sempre ficou mais do que evidente o rio Nilo. Uma dádiva da natureza e um presente milenar desde que a região foi povoada por camponeses. Certos camponeses (dizem) tem a feição que, segundo especialistas, sugere uma origem étnica pré-islâmica. Se isso for verdadeiro podemos então deduzir que o Egito tem suas origens revisitadas por outros povos.


Pessach no Egito

Me lembro que certo dia no Cairo e na casa do meu avô Ibrahim durante a Hagadá de Pessach, eu soltei o seguinte: Porque estamos festejando e comemorando a saída do Egito, se ainda estávamos residentes no Egito?” Com um ar perplexo de todos emudecidos, meu pai soltou o seguinte. “Filho, estamos comemorando a saída do Egito dos faraós que nos escravizaram e hoje nessa terra você encontar algum faraó na rua?”. E todos ficaram satisfeitos com a explicação e voltamos a cantar “Manishtaná Hayalla Hazé” tal como hoje ensinamos aos nossos filhos e netos.


O amigável povo egípcio

Pela nossa índole e relação amigável com o povo egípcio nos sentimos amados e acolhidos e com eles compartilhamos bons momentos de alegria de viver,

O mapa era o Delta do Nilo, o acesso ao Mediterrâneo pelos afluentes do rio e a cidade de Alexandria no Oeste e a Cidade de Port Said no Leste. A dispersão dos familiares estava em várias cidades: Cairo, Alexandria, Damiette, Tanta e eventualmente Port Said. A proximidade com a cultura islâmica ela notória e se encontrava no mesmo monoteísmo e nas nossa crenças em relação ao patriarca Abraham. Sabíamos melhor na prática religiosa que existiam semelhanças tal como na alimentação Kasher e na alimentação Halal.


Balneário Ras El Bar

Durante toda a minha infância se dizia que o encontro do rio com o mar se fazia na pacata Ras El Bar, um balneário, lugar preferido de veraneio dos Douek e seus familiares próximos. Passávamos as férias escolares neste balneário cnde alugávamos casa pequenas com um salão central, uma pequena varanda onde meu avô fumava seus cigarros da marca Souza e que podíamos passear de bicicleta alugada ou de um transporte coletivo entre o Nilo e a praia do mar por um comboio puxado por um jipe cor caqui. Durante este trajeto que era puro passeio, as cantorias das crianças não eram nada incomuns. Os cantos eram em árabe coloquial e provavelmente de origem egípcia, muitas vezes cantorias acompanhadas em palmas de forma rítmica com a palma da mão com os dedos abertos; lembro de uma canção que iniciava com o refrão "Salma Ya Saláma” sugerindo uma ida e volta ao passeio com segurança e saúde. Um canto de alegria com o brilho da ingenuidade infantil.


(continua)

Sami Douek

01/02/2022